Autor: Dr. Artur Malzyner, oncologista e consultor científico da Clinonco

Colaboração de Natalia Fernandes Garcia de Carvalho, mestre em Ciências

Muitos sobreviventes de câncer são altamente motivados a buscar informações sobre escolhas alimentares, atividade física, uso de suplementos alimentares e terapias nutricionais complementares para melhorar sua resposta ao tratamento, acelerar a recuperação, reduzir o risco de recorrência e melhorar sua qualidade de vida.

Desde o início da década de 1970, diversas dietas foram publicadas com o objetivo primário de emagrecimento e manutenção de peso e utilizaram-se do conceito de ‘’cetogênicas” (baixo teor de carboidratos e elevada ingestão de gorduras sem a preocupação com a contagem de calorias) como pedra angular. Alguns exemplos são Dr Atikins, South Beach, Dukan, além de outras.

Dieta cetogênica e câncer: quais são os efeitos?

Há muita controvérsia em como estas dietas produzem emagrecimento, já que o alto consumo de gorduras as torna hipercalóricas. Muitos pesquisadores acreditam que o emagrecimento prove do fato de que estas dietas são altamente saciadoras e termina por fazer a pessoa reduzir drasticamente a quantidade final de alimentos. Além disto, o baixo teor de carboidratos leva a uma redução da secreção de insulina, hormônio necessário para a incorporação dos alimentos ingeridos.

Uma observação preliminar de que tais dietas eram capazes de reduzir o número de convulsões em pacientes epiléticos trouxe a modalidade ao interesse da medicina.

Muitos subsequentes foram publicados, particularmente em pacientes oncológicos, ainda que em áreas bastantes diversas da oncologia clínica, produzindo uma lista de evidências apenas moderada sobre a sua real capacidade terapêutica.

São reconhecidos os muitos distúrbios metabólicos com que as células cancerosas são geradas, visto que, diferentemente das normais, praticamente só conseguem utilizar os carboidratos como fonte de energia. As células cancerosas são incapazes de utilizar a gordura.

Além disso, a insulina é o hormônio interno que mais é capaz de estimular células cancerosas a se proliferarem e que a busca por uma dieta com baixo teor de secreção de insulina tem sido sempre recomendada por oncologistas.

Cuidados são imprescindíveis

Por isto que a grande maioria dos estudos identifica benefícios da relação dieta cetogênica e câncer.

Contudo, existem poucas, mas importantes instâncias em que a dieta low carb de fato foi nociva a pacientes com câncer, como foi visto no melanoma com mutação no gene BRAF, no qual estimulava a proliferação maligna, ainda que, após adequado bloqueio da mutação, voltou a ver beneficio do uso da dieta.

Isto nos ensina que os casos de câncer são diferentes uns dos outros e que o oncologista é o profissional a encabeçar o time de cuidadores e prescrever este tipo de abordagem.

Efeitos predominantemente satisfatórios foram obtidos no tratamento nos seguintes tipos de câncer: glioblastoma, astrocitoma, meduloblastoma, câncer de próstata, do intestino grosso, neuroblastoma, pâncreas, mama, pulmão, estomago e fígado. Estudos negativos em câncer renal e resultados mistos como já mencionado em melanoma BRAF mutado.

Julgamos o desenvolvimento cientifico das dietas como uma nova via de abordagem promissora do câncer muito pouco explorada até então.

Acesse o link do Portal Ativo.com: https://www.ativosaude.com/especialistas/dieta-cetogenica-e-cancer/

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