Você sabia que o tratamento do cancer de próstata avançado tem como foco fundamental bloquear os níveis de testosterona do paciente?

É isso mesmo: a interrupção na produção ou na utilização do hormônio sexual masculino funciona como principal forma de controle da doença, podendo resultar em redução ou controle da doença, além da queda dos valores do PSA e melhora dos sintomas.

Embora esse cenário seja animador, em algum momento a doença torna-se resistente a esse bloqueio, não respondendo à essa supressão hormonal. É nesse instante em que a avaliação da quimioterapia deverá ser feita, pesando-se sempre os benefícios e os riscos inerentes ao tratamento proposto. Tal modalidade terapêutica é vista, assim, como uma das últimas disponíveis para esses pacientes.

Entretanto, esse horizonte começa a mudar. Esse foi o principal foco do Prostate Cancer Debate 2013, realizado em janeiro na cidade de Barcelona-Espanha. Vejamos: aprovada em 2011, a Abiraterona, droga responsável pela inibição da produção de testosterona a nível de glândulas adrenais (e não a nível testicular, onde ocorre 95% de sua produção) aparece como opção para ser usada naqueles pacientes já resistentes à supressão hormonal e que não mais respondem à quimioterapia sistêmica. Acredita-se que os 5% de testosterona sistêmica possam manter a atividade tumoral e é nesse pequeno percentual que essa nova droga se fundamenta para ser utilizada. Estudo com quase 1200 pacientes mostrou que sua administração traduzia-se me ganho de sobrevida e tempo para recorrência da doença (sobrevida livre de progressão) quando comparado ao uso de placebo. Essa publicação confirmou-a como mais uma alternativa no combate a essa doença.

Mais recentemente, a Abiraterona foi testada antes da quimioterapia, também naquele paciente não mais responsivo à hormonioterpia. E mais uma vez os resultados mostraram que o benefício foi mantido, tendo aqueles pacientes submetidos ao seu uso uma maior sobrevida, dentre outros beneficios. Embora uma série de questões possam ser analisadas e tais resultados questionados, não há mais dúvidas sobre a importância de mais uma arma descoberta e que faz parte do arsenal terapêutico contra o câncer de próstata.

Dessa forma, a ciência nos fornece mais uma opção hormonal para o tratamento da neoplasia prostática, permitindo que os pacientes tenham mais drogas ativas, restando apenas reconhecer de forma mais clara qual o paciente ideal para determinada ‘arma’.

Dr. Elge Werneck Araujo Junior
Médico Oncologista – Clínica de Oncologia Médica
Av. Nove de Julho, 4644 – São Paulo – SP – 01407-100
elge@clinonco.com.brelgejr@ig.com.br
(11) 3068-0808

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